Dados do IBGE mostram que, em 10 anos, a força de trabalho das mulheres cresceu 24%. Enquanto nos séculos XVIII e XIX as profissões das mulheres estavam mais ligadas às áreas da produção, hoje elas são empreendedoras e ocupam cargos de liderança, gestão, treinamento e muitos outros.
Mas se em alguns aspectos elas alcançaram a quase total paridade com os homens, como nesse acesso ao mercado de trabalho, em outros ainda há caminho a percorrer.
Por exemplo, mulheres ainda ganham menos em todas as ocupações.
A inserção das mulheres empreendedoras nos mercados de trabalho não se deu de maneira automática.
Foi uma conquista de anos, décadas, e até séculos. Ou seja, nos primórdios da humanidade, os homens cuidavam das atividades “externas” – caça, guerra, entre outras.
Por outro lado, as mulheres zelavam dos afazeres “internos”, por exemplo, cuidar dos filhos, preparo das refeições e demais ofícios domésticos.
A partir do século XVII, no entanto, iniciaram os primeiros movimentos em favor da inserção das mulheres nas diversas esferas da sociedade. E isso incluía o mercado de trabalho; acesso à educação regular, direito de sair sozinha – sem a presença do pai ou marido.
Um maior avanço nesse quesito começou a ser notado a partir do século XIX. Parte em função de protestos; parte pelo fato de que os donos dos meios de produção começaram a enxergar a força de trabalho das mulheres como uma oportunidade.
A partir das I e II Guerras Mundiais (entre 1914-1918 e 1939-1945, respectivamente), essa inserção ocorreu de maneira notável com o ingresso de milhares de trabalhadoras ao mercado.
A razão era simples: com seus pais e/ou maridos em combate, alguém precisava manter as rotinas da família em funcionamento. E esse papel coube às esposas e mães.
Com o fim da II Guerra Mundial, e uma maior abertura das sociedades, culminando nos fenômenos de globalização, a mulher ampliou presença nos mais variados setores da economia.
Hoje, é impensável que as coisas “voltem a ser” como em tempos remotos.
Em empresas de vanguarda, como a PagueVeloz – uma fintech de Blumenau-SC que se dedica a facilitar a vida financeira das pessoas – elas ocupam vários cargos. Comercial, marketing, RH, suporte, desenvolvimento e financeiro, por exemplo, são alguns deles.
E ali a inclusão não é apenas “para inglês ver”. Elas estão, inclusive, nos cargos de liderança.
Muitos defendem que homem e mulher têm papéis sociais distintos. Outros preferem reforçar o conceito de que “papel social” não se define por questões de sexo.
É interessante compreender que os papéis das pessoas, homens ou mulheres, não são universalmente aceitos, mas definidos por um tempo e espaço dentro da sociedade.
Em outras palavras, o que em uma sociedade é reservado exclusivamente aos homens, noutra cultura pode ser papel das mulheres.
Em algumas regiões de Moçambique, por exemplo, quem faz o trabalho de limpeza dos campos são as mulheres. Aos homens está reservado o direito de ficar em casa cuidando de assuntos mais familiares, religiosos e afins.
Cenário impensável em outros locais do globo, onde a função de cuidar da casa ainda é reservada às mulheres, ao passo que aos homens cabe o trabalho braçal, externo.
As mulheres estão em áreas que vão desde a aviação e a engenharia aeroespacial, passando pela medicina, artes, mecânica, até construção civil, agronomia, etc.
Ou seja, o céu é o limite, literalmente. Que diga a primeira astronauta/cosmonauta[1] mulher, Valentina Tereshkova. Ela foi ao espaço no ano de 1963, época em que a União Soviética e os Estados Unidos disputavam essa façanha. A primeira americana, Sally Ride, foi em 1983.
E também decolam nos negócios próprios em uma velocidade cada dia maior. No Brasil, mulheres representam 34% de todos os empreendedores, totalizando 9,3 milhões.
Se usarmos apenas o cadastro do MEI, daí essa proporção aumenta consideravelmente: 48%. Nessa categoria, elas se destacam em atividades de beleza, moda e alimentação.
Outro dado interessante é que a porcentagem de empreendedoras que passaram a ser “chefes de família” subiu 7 pontos nos últimos dois anos: de 38% para 45%.
E na hora de escolher uma profissão?
As preferidas entre as mulheres têm sido, até o momento: pedagogia, direito, administração, enfermagem, ciências contábeis, psicologia, serviço social, fisioterapia, recursos humanos, arquitetura e urbanismo.
De Mírian Leitão, articulista de economia do jornal O Globo, à Nathalia Arcuri, do canal Me Poupe!, considerado o maior do mundo voltado para informações financeiras, os sinais são muitos de que o universo das finanças ganha, cada vez mais, uma cara feminina.
Nomes como Christine Lagarde, que presidiu o Fundo Monetário Internacional e atualmente está à frente do Banco Central Europeu, e Janet Yellen, nada menos que a primeira mulher a presidir o Federal Reserve (The Fed) – banco central americano -, reforçam a teoria.
Elinor Ostrom e Esther Duflo são outras duas mulheres que ampliam a nossa lista.
Quem são elas? Vencedoras do Prêmio Nobel de economia.
Elinor foi reconhecida pela análise das governanças econômicas, foco nos bens comuns. Esther recebeu a honraria, em 2019, como resultado de “sua abordagem experimental para aliviar a pobreza global”.
Na opinião da coordenadora de pré-vendas da PagueVeloz, Jéssica Bosco, as mulheres ficaram, durante muito tempo, nos bastidores, apenas acompanhando as movimentações.
“Mas estamos cada vez mais conquistando nosso espaço e sendo responsáveis por grandes mudanças no cenário profissional”, diz.
“Ser uma mulher no mercado de trabalho, especialmente no de finanças, é um desafio, mas também uma oportunidade de provarmos que somos capazes (tanto quanto os homens) de realizar um ótimo trabalho”, acrescenta Jéssica.
O Nobel confirma isso, não acham?
Pensando nisso como uma oportunidade de mercado, empresas em todos os ramos vêm criando, dia após dia, serviços voltados sobretudo ao público feminino.
É uma infinidade de oportunidades para as mulheres serem empreenderas. E que só cresce. Mesmo em tempos de crise.
Eles incluem, por exemplo: aplicativos de transporte, gestão financeira; localização e dicas de viagens. Apps que ajudam na programação de atividades físicas; controle dos ciclos hormonais; compra e venda de mercadorias. E até pra lembrar de beber água.
Sendo assim, daqui pra frente, o que iremos vislumbrar? Será podemos sonhar com a utopia de uma sociedade plenamente inclusiva… ou teremos de aceitar as previsões das distopias?
Que mundo queremos deixar para as futuras gerações?
Em resumo, nós podemos ser a mudança que queremos ver. Boas ou más.
Portanto, depende de cada um, e cada uma de nós, a construção de um mundo mais igualitário.